Desenvolvido pela sempre competente Patinum Games e distribuído pela Sega, Bayonetta é provavelmente o game de ação mais frenético e intenso desta geração.
Faz tempo que eu
queria jogar Bayonetta. O game arrecadou ótimas reviews pelo mundo na época do
lançamento e levou até um raro (nem tanto, nos dias atuais) 40/40 da revista
japonesa Famitsu. Anos depois, após comprar um PS3, pude colocar minhas mãos nessa pérola da Platinum Games.
Bayonetta possui uma
ótima história, sobre um clã de bruxas e um clã de sacerdotes que possuem uma
rivalidade milenar, as Umbra Witches e os Lumen Sages. A protagonista é trazida
de volta a vida depois de 500 anos para lutar contra os Lumen Sages que estão
tramando alguma. Isso é a base, o começo. O que se desenrola a partir daí é até bastante complexo. Todas as entidades e forças envolvidas na história possuem
backgrounds muito bem feitos, e é possível descobrir mais sobre eles em livros
espalhados pelo game.
Mas o que mais chama
a atenção em Bayonetta, é a forma como a história é contada. É tudo
absurdamente exagerado. As animações do game são tão exageradas que fazem Dante
parecer um garotinho. Bayonetta dança, canta e conta piadinhas sarcásticas
ENQUANTO atira, picota e faz as mais terríveis torturas com os inimigos.
Aliás, abrindo um
adendo aqui, enquanto você pode pensar que Bayonetta é apenas uma personagem
genérica com muito apelo sexual, como eu pensava antes de jogar o game, saiba
que isso não é verdade. Trata-se de uma ótima personagem; carismática ao
extremo (ainda mais depois de algumas informações que o jogo fornece sobre ela
pra lá da metade do jogo), e até mesmo, profunda em comparação com outros games
desse tipo. Os outros personagens do game também são muito legais, como o
engraçado Luka, a adorável Cereza e a enigmática Jeanne.
A trilha sonora do
game é muito boa. Das músicas mais pesadas a versão de “Fly Me to the Moon”
parecida com a de Evangelion, todas combinam com o tom exagerado do game, e
algumas são realmente muito boas (a minha favorita é a que toca na tela de
seleção de capítulos). Também vale ressaltar que a dublagem é excelente,
principalmente a da própria Bayonetta.
Continuando a falar
dos exageros, nada pode lhe preparar para o que você vai ver em Bayonetta.
Digamos que você acabou de enfrentar um chefe muito difícil, e você pensa “Ufa,
acabou”. Anda-se dois passos, e o cenário inteiro explode, fazendo com que você
tenha que correr... digamos... de uma onda gigante de lava, pelas paredes de um
prédio, enquanto uma cidade inteira é destruída. Também pode acontecer de ter
que enfrentar três, quatro chefes em sequência. É nesse nível. O tempo todo. As
três últimas fases chegam a cansar, fisicamente, enquanto você joga. Isso é bom
ou ruim? Aí depende. Uma das minhas únicas reclamações vem disso. Eu gosto muito de lutar contra os
inimigos comuns do game, já que eles possibilitam encaixar combo atrás de
combo, que é o maior barato do jogo. Da metade pra frente, você luta com tantos
chefes, um atrás do outro, que esse aspecto quase some. Felizmente, porém, a
grande maioria dos chefes é incrível. Tem um inclusive, que ficará na minha memória
gamer pra sempre.
A segunda coisa (e
última) que eu vou reclamar, vem da versão PS3 do game, ou seja, se você for
jogar no Xbox 360 desconsidere este parágrafo. Trata-se dos problemas gráficos
do game, como as texturas ruins, o screen-tearing terrível e o frame rate
horroroso em algumas partes. A conversão do game para o console da Sony é tosca
e mal feita. Não estraga a experiência de jogo, mas incomoda muito,
principalmente no começo do game, em que você luta em cima de um relógio de
torre em queda livre. Não é possível enxergar direito o que está acontecendo, e
com certeza causa uma primeira impressão muito ruim. No entanto, depois de
jogar um pouco você se acostuma, e todo o resto do jogo chega a fazer você
esquecer esses problemas. Claro, isso tudo também
não quer dizer que o game seja feio. Os modelos da maioria dos personagens são
muito bons, e a criatividade dos cenários também compensam bastante os
problemas. Vale ressaltar que o problema dos load times foi corrigido com uma atualização que permite instalar o game no HD do PS3.
A partir de agora
meu amigo, é só alegria. Vamos falar da jogabilidade. Bayonetta possui,
simplesmente, o melhor sistema de um jogo de ação hack n’ slash que eu já
joguei (e olha que joguei um bocado). A personagem possui ataques físicos e
armas para atacar de longe, que ficam nas suas mãos e presas aos seus pés.
Junte a isso a possibilidade de fazer dois conjuntos de equipamentos
diferentes, que podem ser trocados durante o game sem pausar a ação e apenas
com o toque de um botão. Com isso, é possível fazer combos gigantescos, talvez
até infinitos dependendo da sua habilidade no controle. Existe também um botão
para travar a mira e um para esquiva, que se acionado no momento certo, faz com
que o tempo se mova devagar, dando aquele tempinho extra que você precisava
para engatar aquele combo esperto que vai esmigalhar todo mundo na tela.
Isso sem falar que todos os movimentos são fluidos e estilosos.
O sistema de
upgrades da personagem é GIGANTESCO. Existem novos movimentos e técnicas,
upgrades de armas, roupas diferentes, acessórios que dão habilidades únicas e
uma variedade de itens de recuperação de vida e da barra de magia, além de
outros que aumentam seus atributos temporariamente. Há até um sistema de
criação de itens bem simples, mas extremamente útil, que eu fui descobrir só no
fim da primeira campanha. Isso aliás é algo a se ressaltar: Existem tantas
possibilidades no game que enquanto o jogador vai aprendendo a se especializar
em uma área da jogabilidade, nem mesmo percebe todo o resto do sistema, o que,
além do fato de já ser um game bastante longo, traz um valor de replay absurdo
pro game. A segunda vez é mais legal que a primeira, pois para ter acesso a
todos os movimentos, armas e upgrades do jogo, é necessário jogar mais de uma
vez. E assim que o jogador compreende todo o sistema, entende as possibilidades
e começa a pensar em qual estratégia usar para cada inimigo, é inevitável a
sensação de prazer e recompensa por cada etapa de uma fase passada sem levar
dano, criando combos gigantescos ou mesmo na menor quantidade de tempo. O
momento em que me senti melhor comigo mesmo, foi quando percebi que podia
atacar inimigos que estavam do outro lado do cenário, com a espada, e não tomar
dano nenhum.
O Veredito
Gostaria muito de dar uma nota máxima para este game. Mas se
tratando da versão PS3, não é possível. Se um dia jogar no XBOX e ver os
problemas gráficos resolvidos, talvez conceda um 10 redondinho. Definitivamente
o sistema de jogo merece. O esmero com o qual foi construído não se vê todos os
dias, é claramente um trabalho primoroso nesse sentido. Claro, existem algumas
fases que não são tão legais, como a da moto e a do míssil (que vale pela
incrível trilha sonora e jogabilidade de Space Harrier), mas é uma falha ínfima
quando comparada com tudo que esse game tem de bom. Se vir em uma loja, ou na
internet, compre. Mesmo a versão de PS3 ainda é um game genial e muito superior
a pelo menos 90% dos games de ação disponíveis no mercado.
Bayonetta - PS3/Xbox 360 - Platinum Games / Sega
Gráficos: 7,5
Jogabilidade: 10,0
Som: 9,0
Replay: 10,0
GERAL: 9,5
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